Em Nome de Qual Senhor?

Uma das estratégias de Satanás para nos afastar de Deus é fazer-nos desanimar pelos erros que cometemos. O Adversário das nossas almas, que conhece, desde Adão e Eva, a fragilidade do gênero humano, muitas vezes utiliza-se da natural e necessária tristeza que sentimos ao pecarmos, fruto do nosso arrependimento, para lançar em nós a semente do desânimo e da auto-rejeição. Esta semente, vindo a brotar, fará crescer em nossa mente e no nosso coração a árvore da heresia e até mesmo da apostasia.
Eu mesmo, que escrevo estas palavras, após haver deixado de freqüentar a igreja Congregação Cristã (no Brasil, C.C.B.), movido pela tristeza que sentia por não ser aceito por ela, mesmo não havendo cometido o pecado que ela considera “mortal” (sexo fora do casamento), desiludi-me do Cristianismo e de Deus, e passei a me considerar ateu, por certo período de tempo.
O Pai da Mentira procura fazer-nos crer que o pecado que cometemos é “grande demais para ser perdoado por Jesus”, ou que “nós já caímos demais num determinado pecado”, e que por isso “Deus já não está mais disposto a nos aceitar como filhos”, mesmo diante do nosso sincero arrependimento em relação àquilo que erramos. Dois são os seus objetivos com isso, um implícito e outro explícito. Seu objetivo implícito é anular na nossa vida o sacrifício de Jesus Cristo que, morrendo por nós na cruz do calvário, pagou os nossos pecados, nos adotou junto a Deus como filhos, e nos fez co-herdeiros de sua Glória eterna nos Céus. O objetivo explícito é, como o próprio termo diz, muito claro: fazer com que passemos a viver afastados de Deus, andando dissolutamente, e totalmente céticos em relação ao infinito amor de Deus por nós e à fidelidade da sua Palavra e de suas promessas para conosco.
Entretanto, a Palavra de Deus nos afirma que “as suas misericórdias não têm fim” e que elas “se renovam a cada manhã” (Lm 3.22-23). “Se Deus nos perdoasse o mesmo pecado uma só vez, estaríamos perdidos. Ele não mostra a sua graça ou estende a sua mão uma única vez. As Escrituras garantem que as suas misericórdias ‘renovam-se cada manhã’” (Revista Ultimato. Pastorais. Nº 311. 2008. Editora Ultimato. Viçosa -MG). Uma prova disso é o que está escrito em Isaias 11.11: “Naquele dia o Senhor estenderá de novo a mão para resgatar o remanescente do seu povo”, referindo-se a Israel, que naquele momento se encontrava cativo, por sua desobediência ao Senhor. Ora, se nós, que somos maus, devemos perdoar-nos uns aos outros 490 vezes por dia (70 x 7), quanto mais será capaz de nos perdoar Aquele único que é bom, mediante nosso arrependimento?
Porém, não obstante o que nos diz as Sagradas Escrituras, através dos seus profetas e do próprio Senhor Jesus, o Cristo, algumas igrejas insistem em limitar o poder e o amor de Deus, e a delimitá-lo a determinadas circunstâncias que julgam “razoáveis”.
Exemplo disto é o que ocorre na igreja Congregação Cristã, entre nós chamada Congregação Cristã no Brasil (CCB). Esta denominação, a mais antiga representante do chamado Movimento Pentecostal, no Brasil, e que reúne cerca de 5 milhões de adeptos em todo o mundo, ao longo dos seus quase cem anos de fundação, promoveu e difundiu uma interpretação bastante peculiar do conceito de pecado de morte. Em tese, crêem que a blasfêmia contra o Espírito Santo seja, também, pecado de morte, mas, na prática, para ela este pecado refere-se ao sexo fora do casamento, seja ele praticado por um casal de namorados (ainda que uma única vez) ou por um cônjuge infiel.
Não existe, biblicamente falando, nenhum subsídio para se afirmar que adultério ou fornicação sejam “pecados de morte”, ou, mais corretamente falando, pecados para morte espiritual. Entendemos que pecado para morte é aquele que não pode ser perdoado e, segundo Jesus, “todo tipo de pecado e blasfêmia será perdoado aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada” (Mateus 12.31). É verdade também que Apocalipse 22.15 nos diz que os adúlteros não entrarão no céu. Porém, na continuação, o mesmo se afirma em relação aos mentirosos, mas nem por isso se prega que a mentira é “pecado de morte”. Além disso, cremos que a expressão bíblica “pecador”, refere-se àquele que não deseja compromisso com Deus, vivendo cronicamente no pecado, e não aos que erram e se arrependem, ainda que mais de uma vez. Porém, na Congregação Cristã, aqueles que cometem os referidos erros de natureza sexual, são punidos com a excomunhão, chamada ali de “perda da liberdade”. Ficam proibidos de participar ativamente da liturgia do culto (orar, testemunhar, ler a Palavra etc.), ad eterno, sendo comumente taxados de “soldados mortos” e desprezados pela maioria absoluta da irmandade que, normalmente, sente-se mais feliz por não ter cometido aquele pecado, do que triste pelo erro do seu irmão. Ou seja: o membro é definitivamente excluído da “comunhão da igreja” e rejeitado por aqueles que outrora lhe cumprimentavam com “a paz de Deus” e lhe beijavam o rosto (pois esta igreja conserva este e outros costumes orientais, rotulando-os ainda de “doutrinas”). Ele passa também a crer que deverá permanecer o restante da sua vida freqüentando os templos desta mesma igreja, sentando-se no último banco, (chamado por seus membros de “banco dos pecadores” ou, ironicamente, “banco da misericórdia”), para ver se com isso Deus tem misericórdia dele e o perdoa.
Para proceder de semelhante forma, o Ministério daquela igreja apóia-se em um versículo isolado das Escrituras, e em um princípio criado por eles mesmos. Utilizam-se da antiga tradução da Bíblia, por João Ferreira de Almeida, onde diz: “porém, aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julgará”, ou, conforme a tradução atualizada da mesma Bíblia: “pois Deus julgará os imorais e os adúlteros” (Aos Hebreus 13.4). Ora, apesar de óbvio, o que isso quer dizer? Que tais pessoas deverão ser banidas das igrejas, ou que cabe exclusivamente a Deus o julgamento de cada caso? “É para seu próprio senhor que cada servo está em pé ou cai” (Aos Romanos 14.4), ou é para o corpo ministerial de uma determinada igreja? Não desejo crer que o Ministério da CCB queira tomar o lugar de Deus, mas, então por que existem os “cortes de liberdade” por prazo indeterminado dentro destas congregações? “Porque queremos manter o ambiente de santidade na igreja”, respondem eles. Este é o princípio que os norteia para estas condutas: “manter o ambiente de santidade”. Mas, a que preço? Ao preço de aproximadamente 32.000 exclusões de almas todos os anos (extraído de: sitedareforma.blogspot.com). A cada ano que passa, perde-se nesta denominação o equivalente ao que determinadas denominações evangélicas inteiras possuem em número total de membros. Na verdade, faz-se a seguinte leitura de Hebreus 13.4: “ao adúltero Deus o julgará (tomando o adultério também como pecado de fornicação). Portanto, ‘tiramos a liberdade’ dele, para manter a santidade na igreja e, caso ele se humilhe, quem sabe Deus o perdoe, pois a ele Deus julgará. Mas, ter liberdade novamente na igreja, nem pensar. ‘Salvação é uma coisa e liberdade é outra’”. Perguntamos: não estaria, assim, o Ministério da CCB tomando o lugar de Deus, ao fazer julgamentos e desferir sentenças condenatórias (perda de liberdade por tempo indeterminado), ainda mais se baseando apenas numa obra (ato) circunstancial daquele que cometeu um daqueles pecados? Some-se a isso o fato de que, na imensa maioria das vezes, o “pecador” tem o seu caso esquecido, ou seja, ninguém se interessa em saber se a pessoa se reabilitou espiritualmente ou não, sendo abandonada à sua própria sorte. Podemos ainda resumir essa mentalidade da CCB da seguinte maneira: aquele que “peca”, “peca” para a igreja; mas, aquele que Deus perdoa, não perdoa para a igreja.
Com isso, milhares de almas se perdem todos os anos, voltando às suas vidas pecaminosas de antes, ou vivendo como se fossem “aidéticos espirituais”, que “fazem o tratamento” (frequentar a igreja), mas possuem a “expectativa da morte” (castigo pelo pecado cometido) presente todos os dias, devido a “doença que contraíram” (pecado “de morte”), pelo ato que praticaram (sexo fora do casamento), ou então cometem apostasia, deixando de possuir a Cristo como figura central das suas vidas, e seguindo diferentes princípios, que não possuem compatibilidade com a fé cristã.
E é exatamente aqui, que a pergunta do título deste pequeno ensaio grita aos nossos ouvidos: em nome de qual senhor? Em nome de quem, ou prestando serviço a quem, procede-se tantas exclusões nesta igreja? A máxima da CCB “Em nome do Senhor Jesus” está sendo cumprida, ou perdeu-se o foco, a visão, e por isso já não se enxerga nitidamente a quem se está servindo? Terá o Senhor Jesus mudado o seu discurso, que dizia que “quem não está comigo, está contra mim, e quem comigo não ajunta espalha”? (Mateus 12.30). Até quando esta igreja continuará a espalhar, ao invés de ajuntar? Será possível que Deus seja tão perfeccionista, a ponto de jogar fora uma alma, devido a um único erro dela? Uma alma não possui maior valor do que o mundo inteiro? (Mateus 16.26) Jesus não nos deu a sua própria vida por resgate das nossas almas?
A Congregação Cristã no Brasil, em sua práxis, tem afirmado que Deus não perdoa certos pecados (sexo fora do casamento) depois que a pessoa é batizada. Isto se baseia, em grande parte, na crença de que o batismo perdoa pecados quando, na verdade, é somente o sangue de Jesus que nos purifica de todo pecado (I João 1.7). Veja o que Tiago, inspirado pelo Espírito Santo, nos deixou escrito: “se algum de vós se desviar da verdade e alguém o reconduzir a ela, sabei que aquele que fizer um pecador retornar do erro do seu caminho salvará da morte uma vida e cobrirá uma multidão de pecados” (Tiago 5.19-20). É inegável que o Apóstolo referia-se àqueles que já conheciam a Cristo, mas se desviaram. Mesmo assim, a CCB ignora esta passagem bíblica e prefere, em nome dos seus próprios costumes e ensinamentos, anular o sacrifício de Jesus em milhares de vidas todos os anos. Como disse Jesus: “Sabeis muito bem rejeitar o mandamento de Deus para guardar a vossa tradição” (Marcos 7.9). E ainda: “por causa da vossa tradição invalidastes a palavra de Deus” (Mateus 15.6).
O grande mandamento na Lei é amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento, e o segundo é amar ao próximo como a nós mesmos (Mateus 22.37-38). E também: “o fim do mandamento é a caridade de um coração puro, e de uma boa consciência, e de uma fé não fingida” (I a Timóteo 1.5).
Infelizmente, o Ministério da Congregação Cristã têm feito o povo fiel e sincero, que serve a Deus ali, desviar-se da verdade, e seguir doutrinas heréticas e humanas. Fecham aos homens o reino dos céus; não entram, nem permitem entrar os que entrariam (Mateus 23.13). Não aceitam ouvir a verdade, e também não permitem que outros a ouçam, para que, ouvindo, a pratiquem e, praticando, possam assim crescer espiritualmente.
Na “ânsia da santidade”, perseguida através das obras, adentrou-se no perigoso território do farisaísmo. Limpa-se o exterior do copo e do prato, mas o interior permanece imundo (Mateus 23.25-26). Coam-se mosquitos, mas engolem-se camelos (Mateus 23.24). Hoje, a “Congregação Cristã” presta tanto desserviço à fé cristã, quanto o faziam os fariseus nos tempos de Jesus.

Há um, que se transfigura em ser de luz e que com seus anjos tudo isso contempla e alegra-se. Alguém, cujo nome é Príncipe Deste Mundo, Satanás, a antiga serpente, o Diabo, a quem está reservado o lago de fogo e enxofre, onde passará a eternidade com tantos quantos possa enganar. E, se possível (e com a ajuda do Ministério da CCB), até mesmo com os escolhidos.